Gratidão em Meio às Cicatrizes

Quando a alma reconhece as mãos de Deus

A vida é um caminho repleto de surpresas, algumas belas, outras dolorosas. Enfrentamos aflições, angústias, perdas e dores que, por vezes, nos fazem desacelerar ou até duvidar.

Mas há uma verdade inabalável que sustenta os passos do peregrino: não estamos sozinhos. Deus está sempre presente, com as mãos estendidas para nos levantar e os ouvidos atentos para ouvir até o mais sussurrado dos clamores.

Neste mundo que, afinal, não é o nosso lar permanente , todos carregamos cicatrizes. Algumas visíveis, gravadas no corpo; outras, ocultas, cravadas na alma. São marcas de lutas que, muitas vezes, travamos em silêncio. Contudo, mesmo nessas batalhas, há um segredo de resistência: não tirar os olhos de Cristo.

Quando mantemos o coração voltado ao Reino, quando nossa mente repousa na vontade de Deus e nossos olhos fitam o Autor e Consumador da fé, os dias difíceis não nos derrotam, eles nos moldam. As feridas ganham sentido, e as pedras do caminho tornam-se testemunhos da fidelidade de um Deus que nunca nos abandona.

Nossa vida não é um acidente cósmico ou um fôlego desperdiçado. Fazemos parte de um propósito maior, de uma história escrita pelo Criador. E é nessa consciência que floresce um coração grato, não apenas pelo que Deus fez, mas por quem Ele é.

Mas como alcançar essa perspectiva? Por meio da oração. Esse santo e íntimo diálogo com o Pai. Ao orar, entregamos nossos sonhos e temores, aceitamos sua vontade, mesmo quando ela diverge da nossa, e descansamos no consolo de Sua soberania. Também através da contemplação: seja ao olhar a criação, e, principalmente, ao meditar nas Escrituras, reconhecemos o caráter e a bondade de Deus revelada em cada detalhe.

Se pararmos, ainda que por um instante, para revisitar nossa jornada, perceberemos algo maravilhoso: em cada curva, em cada vale, a mão de Deus esteve ali. Talvez não tenhamos notado no momento, mas ao olhar para trás, vemos com clareza os passos divinos guiando os nossos.

Por tudo isso, devemos render graças ao Senhor. Não como obrigação, mas como resposta natural de um coração que reconhece: sem Ele nada somos, com Ele nada tememos, pois Cristo venceu o mundo.

Peregrino, quando foi a última vez que você contemplou as obras de Deus em sua vida? Com que frequência reconhece o agir dEle nos detalhes do cotidiano?

Saiba disto: um coração grato alegra o coração de Deus. Já a ingratidão, silenciosa ou barulhenta, sempre produz frutos amargos.

Hoje, entregue tudo ao Senhor seus caminhos, seus sonhos, seus medos. Confie na vontade dEle para sua vida e descanse. O Deus que te criou não erra. Ele sabe o que está fazendo. Creia, apenas creia.



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