A vida, em sua essência, revela-se como um labirinto de complexidades e paradoxos, onde cada esquina esconde uma nova dúvida, uma nova inquietação. É um estado de ser que, para aqueles que se atêm à reflexão profunda, parece ser a norma.
Para mim, o cristianismo, correntes filosóficas, literatura, ensinamentos transmitidos pela família e outros fatores entrelaçam-se, formando um grande emaranhado de fios que, de alguma forma, conferem sentido à minha singela existência, mesmo que muitos paradoxos sejam criados.
Há alguns anos, escrevi em um diário: “Sinto-me, às vezes, como uma alma antiga condenada a viver numa era aterrorizante de modernidade vazia.” Com o tempo, compartilhei essa frase em minhas redes sociais, e outras pessoas também a reproduziram. Encontrei-a no Instagram, no X e no Tumblr. Percebi que esse sentimento é comum entre um perfil específico de pessoas.
Embora essa frase capture um aspecto genuíno da minha essência, ela também se revela uma contradição. Sim, é um paradoxo que pode parecer confuso. Permita-me esclarecer: mesmo sentindo-me como um viajante perdido no tempo, como se pertencesse a uma época distante, não posso ignorar as maravilhas do mundo moderno, as inovações que, em sua essência, são verdadeiras bênçãos.
Por exemplo, sou um amante dos livros; a textura das páginas sob meus dedos é um prazer que não se pode descrever. Aprecio as paisagens que resistiram ao tempo, mesmo que em ruínas, e a história que cada uma delas carrega. Contudo, ao mesmo tempo, sou atraído pela tecnologia, como o Linux, e pelas paisagens modernas que se erguem em meio ao caos.
É um duelo mental, quase espiritual: aprecio a era atual com suas invenções, mas anseio por um tempo diferente. Não se trata apenas de um saudosismo ingênuo, mas de uma busca por algo mais profundo. Ao refletir sobre esses sentimentos, percebo que a questão não reside na modernidade em si, mas no vazio que muitos de nós experimentamos nos dias de hoje, seja de sentido ou de propósito para a vida.
Vivemos em uma era em que a banalidade parece reinar, onde a lealdade é uma relíquia do passado e os princípios éticos são frequentemente ignorados. A imoralidade, em suas diversas formas, tornou-se a vestimenta da moda. É um sentimento estranho, pois, ao observar o mundo, sinto falta de uma época que conheci apenas através das páginas dos livros: uma época em que a honra, o cavalheirismo, a poesia e a sabedoria eram os pilares da sociedade.
O mundo atual, com todos os seus avanços, parece desprovido de elementos essenciais que conferem sentido à vida. Nas redes sociais, as pessoas se expõem ao ridículo em busca de likes, numa corrida vazia por visibilidade. As plataformas que deveriam unir os indivíduos frequentemente os afastam, mergulhando-os em disputas fúteis.
A internet, essa ferramenta poderosa, é muitas vezes utilizada para propagar o mal e a imoralidade. Compreende o paradoxo da minha questão? Admiro as conquistas do mundo moderno, mas abomino o que a humanidade se tornou e para onde ela caminha. A modernidade oferece coisas boas, cabe a nós julgar com sabedoria para aceitá-las e rejeitar o que vai contra aqueles princípios tão essenciais que valorizamos.
Como cristão, entendo a questão do pecado original e suas consequências ao longo dos séculos, mas mesmo isso não me impede de desejar viver em uma época onde a vida era repleta de paixão, e falo de paixão no sentido mais puro, aquele que nos faz sofrer por algo que amamos verdadeiramente. Hoje, tudo parece efêmero, descartável, e nada parece ser duradouro.
Descobri que não há como impedir que o mundo seja assim. Por mais que eu deseje viver em outra época, não conseguiria voltar no tempo e no espaço para realizar esse desejo. Então, deveria viver triste por essa modernidade vazia? Não. Compreendi que, para todos aqueles que sentem a modernidade como um vazio e prezam por antigos princípios e valores, o propósito é ser resistência.
Sim, resistir! Ir contra a corrente do mundo (uma frase clichê, mas verdadeira), valorizar o que a sociedade moderna tenta diluir, como a família, o casamento, a lealdade e o amor que perdura além de desentendimentos. A vida continua, mesmo quando sentimos que não pertencemos a ela, e resistir é ter um propósito que dê sentido às coisas.
Observe o mundo à sua volta e não tenha medo de se afastar daquilo que causa desconforto à sua alma. As mídias sociais, os conteúdos vazios, relacionamentos superficiais e até mesmo hábitos nocivos: resistir é compreender que precisamos renunciar a certas coisas para preservar a integridade genuína do nosso ser, diante de um mundo cada vez mais fluido e sem âncoras.
A verdadeira resistência não é apenas ideológica, é prática. É escolher conscientemente aquilo que nutre nossa essência, mesmo quando isso significa nadar sozinho por um tempo contra a corrente. É ter a coragem de dizer “não” ao que todos fazem, se isso compromete aquilo que somos verdadeiramente.
Se você sente a modernidade vazia do mundo, se sente que não pertence a esta época e valoriza coisas que estão em desuso e sendo esquecidas pela maioria, eu digo: nade contra a correnteza e encontrará outros como você. Resista, seja forte e não desista, porque, assim, mesmo que o mundo moderno não faça sentido, a sua vida fará.
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