Vens como névoa que se aninha ao peito,
sussurrando segredos que o dia esquece.
És amiga fiel nas horas desfeitas,
onde o mundo se despede de cores.
No teu abraço frio nasce a luz clara,
um espelho antigo que devolve o que oculto está,
verdades que ferem, mas também libertam,
como estrelas que brilham só na noite densa.
Mas, se permaneces demais, tornas‑te prisão,
uma sombra que recusa o nascer do sol.
O que antes era melodia suave, transforma‑se em corrente,
impedindo que outros sentimentos floresçam.
Então, observo‑te de longe, sem laços,
deixo‑te passar, como vento que acaricia.
Agradeço a clareza que trazes,
mas sigo aberto ao verde da esperança.

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