Existe uma beleza agridoce em olhar para a vida através de recortes específicos. Quando crianças, ansiamos desesperadamente por crescer, alheios à doçura e inocência que marcam essa fase. Mais tarde, na adolescência, idealizamos a vida adulta, uma existência que, ao chegar, descobrimos não saber navegar. É aí que começa a verdadeira jornada: passar o resto dos nossos dias a aprender a lidar com os seus desafios.
Quem dera tivéssemos a clarividência para reconhecer um momento de ouro enquanto ele acontece, para saber que aquela tarde despretensiosa se tornaria uma memória à qual regressaríamos vezes sem conta. Se o soubéssemos, mergulharíamos de corpo e alma.
Mas a parte cruel da vida é esta: o tempo não espera que a nossa consciência amadureça para o valorizar. Ele avança, implacável, enquanto nós ficamos a juntar os pedaços do que já passou, tentando entender o seu valor real.
Talvez chegue um momento em que todos tenhamos essas percepções e aprendamos a lição mais valiosa de todas. A de valorizar deliberadamente cada instante. Os encontros em família, as conversas com amigos, a presença de quem amamos. Abraçar as fases da jornada que nos trazem conhecimento e aceitar os ciclos que, inevitavelmente, se abrem e se fecham.
Não controlamos o tempo, essa força que nos empurra para a frente, mas podemos ter controle sobre como ele afeta o nosso espírito.
Cada risada, cada amor partilhado, cada abraço e cada companhia… são tesouros atemporais que guardamos. Afinal, enxergar a vida neste mundo como uma estrada de mão única, onde só podemos seguir em frente e jamais retornar, transforma cada instante no nosso bem mais precioso.
Deixe um comentário