A vida às vezes veste-se de outono,
Com seus ventos que sussurram verdades antigas,
Tocando a alma com dedos de brisa,
Não para ferir, mas para despertar.
O céu se cobre de cinza suave,
As cores perdem o grito, ganham sussurro,
Em tons opacos dançam histórias quietas
Que só os olhos atentos podem ler.
Não é tristeza o que paira no ar gelado,
É melancolia: essa velha amiga sábia
Que nos ensina a beleza do transitório,
A graça delicada das folhas que caem.
Há quem passe correndo por esta estação,
Ansiando pela primavera que virá,
Mas os perspicazes sabem o segredo:
Que outono é pausa necessária, reflexão dourada.
No frio que toca a pele e acorda a mente,
Nas mudanças que redesenham a paisagem,
Existe uma beleza discreta, profunda,
Um convite para olhar para dentro.
E assim vivemos nossos outonos internos,
Com gratidão pelas folhas que caem,
Sabendo que cada estação da alma
Traz sua própria e única poesia.
Pois a melancolia não é inimiga da alegria,
É sua irmã contemplativa, serena,
Que nos mostra que sentir é estar vivo,
E que há beleza em cada tom da existência.

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